VIDAS SECAS, VIDA LOUCA E VIDAS PRESAS

VIDAS SECAS, VIDA LOUCA E VIDAS PRESAS

Vidas secas, é uma realidade contada por de Graciliano Ramos no seu livro (vidas secas). Eu falo de vidas secas no meu livro da vida, um rascunho vivido e ainda não escrito, o Prólogo é meu nascer e adolescer nos Inhamuns, a região mais seca do nordeste cearense, lugar que a Esperança é muita, mas, o inverno é escasso, as chuvas são poucas e sem chuvas não há fartura na colheita, água vem da cacimba, os olhos d’agua não resiste ao sol escaldante e se esconde nas locas de pedras das grotas ressecadas. Meu desejo era que o tempo passasse rápido para completar 18 anos é ir embora para sudeste do país em busca do sonho da prosperidade, minha vontade era tanta que não esperei completar os 18 anos, vim embora com 15, cá cheguei  com uma muda de roupa, sem documentos, muito assustado, a altura das casas(edifícios) o tanto de carros que eu tinha que me desviar para atravessar a rua, as buzinas ensurdecedoras me chamava atenção, os motoristas apontavam para o alto onde tinha três luzes que se revezavam em ascender vermelho, amarelo e verde.

A bagagem tinha poucas roupas e nada de experiencia, estava abarrotada de sonhos que aos poucos fui descobrindo que os sonhos são só sonhos, que são caros demais para se transformar em metas e demora muito para as coisas acontecerem.

Vida Louca, como uma correnteza sem placa de destino fui arrastado rio adentro, falar de (vida louca) na periferia é o corre da rapaziada, seja no tráfico ou assalto só se dar conta quando bate com as costas numa prisão. Cadeia, amanhece o dia com as grades fechadas, não percebi que a tempo estava preso a minha revolta, a ganância e a desesperança, vida louca não é só a vida do crime, vida louca é a correria do dia a dia sem tempo para família, de não para pra ver e sentir a vida acontecer, entramos num modo automático do sobreviver e sem perceber deixamos a vida transcorrer e escorrer como água entre os dedos como o vento que não vemos passar.

Vidas presas, meu fundo do posso foi o melhor lugar que eu tive para apender a ser livre, quando as paredes de pedras com mais de 1mt de espessura não podiam me deter, as fugas eram só fugas não era liberdade, aprendi ser livre nos livros eles me levavam para lugares tão reais que eu me senti cuidando de ovelhas em Andaluzia – Espanha, sentindo o vento frio nas montanhas da Grécia, visitei tantos lugares, viajei de avião, de navio, de camelos atravessei desertos, dormi em grutas, cavernas e castelos, até voltei para a caatinga e andei a cavalo me vi na pele dos meus heróis os vaqueiros. As paredes frias e os dias longos já não tiravam minha paz, aprendi esperançar de como me tornaria livre do sistema penitenciário que é só uma parte de outros sistemas. Reeducação que nos leva a deseducação, a falta de identidade é a primeira coisa que o sistema rouba da gente,  nos identificamos entre nós por apelidos, para os funcionários as autoridades pelo numeral da matricula ou prontuário,  que acaba sendo uma tatuagem na mente que você não consegue se livrar,  as agruras da violência rompe com a dignidade humana, o ambiente da falta de perspectiva te induz a caminhar pelas veredas da revolta, dos vícios que seduz pela sensação de prazer, bem estar e a falsa auto estima. As quadrilhas, as facções surgem como único ponto de apoio e resposta de outro sistema paralelo, com a chancela do poder público, que não quer ver suas debilidades sociais, pelo contrário de forma velada influenciam o crime e a violência. Na história recente 6 governadores foram afastados e presos por desvio de dinheiro, para eles são desvio, os favelados não desviam tomam para suprir a falta provocada pelos desvios dos governantes.